terça-feira, 30 de dezembro de 2008

DESTEMIDOS

Quando eu tinha 21 anos de idade fui acampar com 2 amigos - Cleber e André, na Praia do Cassino, cerca de 16 Km de onde a Avenida Rio Grande chega à praia, em frente ao navio Altair, navio naufragado na década de 70 e que se tornou ponto turístico por estar bem perto da linha de rebentação das ondas. Eu mesmo, nadei até o navio, subi nele e caminhei até a proa pisando em um tombadilho já muito enferrujado e que exigia cautela.

Éramos jovens, 'destemidos', aventureiros, mas um certo dia armou-se um temporal (as nuvens escureceram, haviam raios e trovões e fortes ventos) e tivemos medo! Tratamos de desmontar a barraca e ajuntar nossos pertences e quando o pai de André foi de carro até nosso local de acampamento aproveitamos para pegar carona com ele!

Medo? Sim, quem não tem medo?

Atualmente somos confrontados com enfermidades do tipo síndrome do pânico, ansiedade, depressão, angústia extrema, etc. Apesar de vivermos numa sociedade tecnolgicamente mais cheia de recursos, medicina avançada, veículos, leis...

O medo é nosso "sinal de alerta" que nos faz pensar e tomar decisões diante de determinadas situações.

O medo, todavia, tem sido refreado e a "ousadia" de se fazer certas coisas leva o ser humano a tomar decisões muito escassas de sabedoria.


Onde vivo atualmente, em Minas Gerais, vejo mineradoras retirando a camada de vegetação das montanhas (embora haja uma lei que as obrigue a repor estas camadas) e os lindos montes se transformam em degraus desnudos, com coloração marron-avermelhada da terra exposta. Será que ninguém percebe que isso aumenta a temperatura da superfície e consequentemente a do ar e por aí vai até chegar à catástrofes como prevê o Aquecimento Global?

Perdeu-se o medo, homens se tornaram 'destemidamente faltos de inteligência' e ao preço de enriquecerem hoje impactam o futuro com destruição, caos, morte...

Antigamente alguém pensaria: "Não podemos fazer isso senão a gente morre no futuro sem árvores, sem planatas, sem rios..." , hoje alguns dizem: "É o preço do progresso...!"

Progresso ou regresso?

Não se pode mais subir no navio Altair, ele está em cacos de ferrugem, um dia nem estar em pé na Terra se poderá, ela estará em 'cacos de desolação' , isso nos leva a ter medo do futuro, sombrio, ardente, sem graça e sem vida!

Você e eu somos responsáveis , temos de fazer nossa parte, ou você perdeu o medo e simplesmente age inconsequentemente vivendo o hoje, e amanhã...que venha o caos!



Quero deixar aqui um exemplo e homem que era sábio, viveu de modo a marcar história pelo seu empenho em defender o meio-ambiente: José Lutzemberger (Este renomado protetor da natureza ganhou mais de 40 prêmios, 25 distinções e dez homenagens. Devemos destacar o Prêmio Nobel Alternativo, em 1988 em Estocolmo, e o Premio Nacional da Ecologia do Bundes Naturaschutz Deutschland.)

Ele se preocupava com a destruição ambiental, ia lá fincava o pé no local e fazia com que o meio-ambiente fosse de fato preservado, não como um "louco" sem propostas, não como um anarquista, como um "rebelde" mas como homem, com propostas, com idéias e projetos que se tornavam uma alternativa para ações meramente lucrativas e desprovidas de valor à vida.

Sempre ouvia sobre estes projetos ambientais, não utópicos, mas passíveis de serem empregados e permitindo sim o "progresso", não o progresso voraz, louco, insano, inconsequente! A própria AGAPAN - (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural ) foi projeto dele ! Cresci ouvindo o nome deste gaúcho dedicado à luta em prol da vida.


Noutra oportunidade quero falar sobre estas idéias e alternativas.


Quem sabe a gente se inspira nele também...

Mais sobre José Lutzemberger:

http://www.portal25.com/index.php?a=19&h=atual/curios01/cur014&l=1

http://pt.wikipedia.org/wiki/José_Lutzenberger

http://www.cultura.gov.br/projetos_especiais/doctv/doctv_documentarios/index.php?p=26348&more=1&c=1&pb=1

http://agapan.blogspot.com/


Abração

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O Sol, o rio, a vida

Quem jamais deixou de se encantar com uma imagem destas? A luz do Sol por entre as nuvens gerando como que faxias luminosas a descer sobre a terra?

É porque ainda há no coração do ser humano a poesia, o encanto com o belo e natural, ainda há 'humanidade' no ser humano!

Quando cmainho pelas ruas e vejo entulhos em terrenos baldios, em rios , em lagos me decepciono porque chego à conclusão que quem fez aqueles depósitos de sujeira ali deve ter perdido a poesia da alma, esvaziou-se do encanto com a Natureza, pior ainda, perdeu a 'humanidade'! Já não se vislumbra com o belo, se tornou egoísta porque nem pensa em seu próximo que se deliciava em ver a beleza da paisagem e destruiu a possibilidade de até mesmo seus filhos e netos se sentarem a beria do rio e ficarem impactados pela maravilhosa obra de arte que Deus criou!

Se perdeu a humanidade o que é agora? Se não se encanta mais com o belo, o que lhe ocupa a vista? E o coração? Onde está a 'paixão' pelo agradável, pelo lindo, pela pureza, pela delícia de se viver?
Coitado, jogou lixo no rio, no terreno...jogou o que ele está se transformando...lixo!
Falamos de "processo de educação ambiental", mas devemos mesmo é criar filhos que possam juntos a seus pais sentarem às margens de rios e ficar ali, olhando, se encantando com a Natureza, em vez disso os filhos desta geração são criados pela babá que senta em frente à TV enquanto 'cuida" do filho de seu patrão, o pai mal se senta à mesa com a família e domingo, ah o domingo é agora destinado a ver a corrida de fórmula 1 pela manhã (ou o futebol de salão) e a tarde tem o futebol...Que sobrou para pai e filho usufruirem juntos? Digo usufruir porque ficar ali horas sentados em frente à TV nunca saberão o que é molhar os pés no rio, ver a borboleta azul passar sobre eles, ouvir o canto dos pássaros e a luz do Sol entre as nuvens vai passar despercebida...

Sabe o que é pior do que isso ainda? a vida, sim a vida, passará despercebida e pai e filho nunca poderão olhar para trás e dizerem: "Ah, lembro de quando saíamos juntos e sentávamos a beira do caminho..."

Pois é, sem Sol, sem poesia, sem encantos, só TV...que chatice de vida!
Pense nisso!